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Irrigar não é crime

Bento Godoy*



Ser agricultor em Goiás não está fácil! A produção agrícola goiana é uma das mais expressivas de nosso País, com grande expertise na condução das lavouras já estamos entre os maiores estados em produção de soja (3º), sorgo (1º), milho (3º), feijão (3º), cana-de-açúcar (3º) e algodão (3º). Muito se deve à agricultura irrigada, Goiás conta hoje com mais de 250 mil hectares de área irrigada e muito ainda se tem para crescer em seus mais de 2,6 milhões de áreas plantadas, o potencial é enorme!

A Agricultura salva Goiás na economia, enquanto a Indústria e Serviços amargam quedas significativas, o agronegócio e sua fatia de mais de 12% do PIB goiano gerou mais de 23 bilhões em divisas ao Estado. Enquanto isso, o mundo tem fome! Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO, a população mundial deverá chegar a 9 bilhões em 2050, e para atender essa demanda, a produção de alimentos deverá crescer 60%, e só irrigando se tem um incremento produtivo de até 400% em uma mesma área, sem a necessidade de expansões em novas áreas.

Com a irrigação, ganha o meio ambiente, o produtor e a sociedade, isso é fato! Mas, em Goiás, ao invés de incentivada, a irrigação tem sido atacada em diversos flancos: Cristalina vive o problema na bacia do Rio São Marcos de priorização da geração de energia elétrica em detrimento da vocação agrícola da maior área irrigada da América Latina, contrariando a multiplicidade de usos e mais recentemente o vale do Araguaia amarga a criminalização da irrigação que tem elevado os municípios da região a outros níveis de desenvolvimento.

Existem vários dados que demonstram que a acumulação de água e a irrigação feita de forma correta, dentro das técnicas agronômicas com cobertura de solo, plantio direto, etc... incrementam a vazão de mananciais, perenizam cursos d’água antes sazonais. A regularização ambiental tem sido premissa buscada pelos irrigantes, apesar da morosidade do órgão ambiental nas análises e rapidez na confecção de multas e embargos que muitas vezes chegam na forma de uma carta no aconchego do lar do agricultor.

Basta! Não deve ser crime produzir em Goiás, a regularização ambiental deve ser possibilitada pelo Estado através da desburocratização e padronização de prazos e procedimentos e não do caminho largo e fácil das multas e embargos.


Foto: Divulgação

*Bento de Godoy Neto – Produtor rural, Presidente do CBH Paranaíba; Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade de Brasília-UnB; pós-graduado em Sustentabilidade e Meio Ambiente pela Fundação Getúlio Vargas-FGV; especialista em Gestão e Química do Meio Ambiente pela Universidade Federal de Goiás-UFG e mestrando em Recursos Hídricos pela UNESP-SP.

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