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Produtores de Goiás encontram na irrigação a garantia de rentabilidade na produção agrícola


Nilson Fogolin está lista dos novos irrigantes de Cristalina e em 2018 passará a irrigar 90 ha que hoje está no manejo de sequeiro

Em um momento de crise econômica no País, o setor de agronegócio comemora o aumento da área irrigada em Goiás. O último levantamento divulgado em junho de 2017 foi realizado pela Secretaria de Estado da Fazenda e pelo Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos da Secretaria de Gestão e Planejamento (IMB/Segplan). Os números revelam uma evolução crescente da área irrigada no território goiano: no ano 2000, a área irrigada por pivôs era de 117.773 hectares (ha), passando para aproximadamente 212.217 ha em 2013. Já em 2015 esse número chegou a 237.365 ha, ou seja, um incremento de 24.698 ha, ou 11,61%.


Para o diretor técnico da Associação dos Irrigantes do Estado de Goiás (Irrigo), Renato Caetano, o aumento da área irrigada por pivôs centrais está relacionada diretamente à necessidade de se produzir mais em uma mesma área e à segurança de produtividade e rentabilidade do agricultor. “No caso da soja, por exemplo, Goiás produz em aproximadamente 3,1 milhões hectares de soja por ano, destes, 70 mil hectares são irrigados. A média de produtividade é 3,5 mil quilos/ha. Na área irrigada esse número sobe para 4,6 mil quilos”, compara.


O estudo relaciona todos os pivôs centrais instalados em Goiás e no Distrito Federal no ano de 2015, que revelou um total de 3.502 equipamentos, sendo 3.284 em Goiás e 218 no Distrito Federal com área irrigada de 237.365,60 ha e 13.519,83 ha, respectivamente.

Terra da Irrigação A análise do mapeamento em comparação aos dados históricos sobre pivôs centrais mostra que o município de Cristalina mantém-se como principal utilizador de pivôs centrais nos últimos anos, sendo destaque em relação à quantidade de equipamentos, à área cultivada por pivôs centrais em relação aos demais municípios goianos e com maior incremento (4.336,79 ha) em comparação ao ano de 2013.


Segundo o diretor executivo da Irrigo e presidente do Sindicato Rural de Cristalina (SRC), Alécio Maróstica, existe hoje no município o cadastro de 152 produtores que irrigam por pivô central, e, em contrapartida, há o quádruplo desse número referente aos que querem irrigar. Alécio salienta a importância da irrigação para a produção de alimentos. “Em Cristalina, por exemplo, os 57.307 hectares irrigados produzem mais que os outros 259.200 hectares não irrigados. Descobrimos o caminho para a produtividade e agora precisamos nos organizar para garantirmos o uso do nosso principal insumo: a água!”.


Nilson Fogolin está na lista dos novos irrigantes do município com maior área irrigada de Goiás. Ele que trabalha com a terra desde ano de 1986 e chegou a cultivar 1.200 ha de sequeiro, resolveu investir em agricultura irrigada este ano. “Nós temos acompanhado os bons resultados das áreas irrigadas na região. Melhoria de produtividade, garantia de colheita na safrinha e mais segurança para investimentos”, conta. Fogolin, que hoje cultiva 800 ha de sequeiro, em 2018 deverá passar 90 ha para debaixo do pivô. “Como nossa propriedade não é cortada por rios, vamos usar uma antiga área de garimpo para fazer barragens, e com esse reservamento de água das chuvas, fazer irrigação de complemento”, diz.

A construção de barramentos para reservação de água das chuvas é considerado um modelo de sustentabilidade. Caetano explica que as barragens são utilizadas como caixas d’água pelos produtores. “Na cidade a maioria das casas e prédios usam caixas d’água para reservamento, no campo não é diferente, os produtores também precisam desse estoque, e é durante o tempo chuvoso que essas barragens são enchidas, para que na época da seca haja água para irrigação”, esclarece. Além de Cristalina, os municípios com maior área irrigada em Goiás são: Jussara, Paraúna, Morrinhos e Luziânia. Regiões produtoras de culturas temporárias ou de ciclos curtos - feijão, batata inglesa, tomate, alho e milho, que abastecem o mercado local e as indústrias de alimentos. Na outra ponta

Falta energia. Falta outorga. Falta estímulo. Sobra água. Na região sudoeste de Goiás, em Jataí, mesmo com uma área de apenas 1,6 mil hectares irrigada, quem quer investir no setor sofre com a morosidade na liberação de outorgas e também com a falta de energia elétrica. Agricultor e secretário de desenvolvimento rural no município de Jataí, Silomar Cabral Faria, conta que uma das suas primeiras ações como secretário municipal foi passar a acompanhar os protocolos de pedidos de outorga junto à Secima. “A irrigação tem uma importância muito grande para agricultura na nossa região. Estamos acompanhando o processo de 100 produtores, que, juntos, deverão irrigar cerca de 6 mil hectares, ao passo que houver a liberação das outorgas pela Secima, isso reflete diretamente na economia do município”, afirma.

Segundo Cabral, outro entrave para o aumento da irrigação em Jataí é a falta de estímulo aos produtores. “Ainda falta para os agricultores da região conhecimento sobre importância da técnica de irrigação. Ainda é comum falar que irrigar seca os rios, mas Jataí está na maior bacia de vazão de Goiás”. Silomar destaca o posicionamento do município sobre o aquífero Guarani, que é um arenito, que pereniza a água dos córregos, o que mantém a vazão constante dos rios na região, tornando o município propício para se tornar uma das maiores áreas irrigadas do Estado. “Jataí é a nova fronteira da irrigação no Estado de Goiás. O que falta para isso? Falta outorga, falta energia, falta o produtor entender a importância da irrigação e ter incentivos para investir em sua produção”, garante. Por que não tem energia?

Segundo o engenheiro agrônomo, especialista em gestão ambiental, Leandro Lima, a necessidade de socorrer as lavouras nos veranicos, aumentar a produtividade e garantir uma terceira safra com diversificação de culturas tem atraído cada vez mais produtores para irrigação. “Nós temos um projeto de desenvolver um polo de hortifrúti na região para abastecer o mercado interno. São cerca de 700 mil habitantes vivendo no raio de até 100 quilômetros, e é nesse público que estamos pensando”, pontua. Segundo o agrônomo falta volume de produção, e, com a organização dos produtores, isso é possível. Para ele, um dos gargalos que o município enfrenta para avançar no projeto é a falta de energia elétrica, fundamental para produção de HF, que, no Cerrado, depende da irrigação. “Existem várias hidrelétricas e termelétricas na região, mas a energia produzida é distribuída em outras regiões e acaba sendo insuficiente para produção de alimentos aqui. O que falta é uma organização dos produtores para cobrar isso junto à Celg”, afirma. Segundo ele é preciso mapear os agricultores que querem irrigar e garantir que essas pessoas possam ter acesso à energia elétrica.


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