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Trigo irrigado bate recorde de produtividade em Goiás


Os produtores rurais da região Centro-Oeste estão apostando em uma nova alternativa para a segunda safra, o plantio do trigo. Variedades específicas para a região do Cerrado vem sendo desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com o objetivo de disseminar a cultura na região centro-Oeste.

Hoje, o conhecido trigo irrigado já é realidade em Goiás e em outros estados. Muitos produtores plantam o trigo nos meses de maio e junho para colher em agosto e setembro em áreas de pivô central. As variedades de trigo irrigado, cultivados na região, possuem grande potencial produtivo, médias acima de 8 toneladas por hectare, e excelente qualidade de panificação, além de ter maior resistência às pragas e ao acamamento.

Hoje em dia, cerca de 50% do trigo consumido no Brasil é importado de outros países, principalmente da Argentina. Segundo o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, durante o dia de campo sobre trigo irrigado, realizado pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (COOPA-DF), que é parceira da Embrapa na disseminação e pesquisa do trigo há mais de 30 anos, o Cerrado brasileiro é protagonista e parte da revolução da agricultura brasileira, e as variedades de trigo que a Embrapa desenvolve para essa região, podem ser a solução para, no futuro, talvez até exportar o grão para outras partes do mundo. "Isso está mudando graças ao Cerrado brasileiro, à pesquisa agropecuária e ao empreendedorismo dos nossos produtores. E o trigo só vai crescer na região em função dos ganhos contínuos em pesquisa e inovação", destacou o presidente da Embrapa.

Trigo interrompe o ciclo das doenças Segundo o presidente da COOPA-DF, Leomar Cenci, a cultura do trigo tem uma importância muito grande para a região “Nós queremos mostrar, não só a rentabilidade da cultura do trigo, mas também, a importância do trigo dentro do sistema de produção como um todo. Nós queremos mostrar um conjunto de fatores que fazem o trigo ser muito importante para as culturas subsequentes e na rotatividade de culturas”, afirmou.

Seguindo a mesma linha, o agrônomo do Departamento Técnico da COOPA-DF, Cláudio Malinski, ressaltou que a introdução do trigo na região, além de trazer um rendimento a mais para o produtor, possibilitou, principalmente nas culturas irrigadas, toda a diversificação que hoje existe na região, pois o trigo é um melhorador do sistema como um todo e um supressor de doenças, ajudando no melhor desenvolvimento da cultura seguinte. “Por causa das condições locais, o trigo plantado nessa região, consegue expressar todo o seu potencial produtivo, livre de micotoxinas proporcionando uma farinha de ótima qualidade para a panificação. Se pensarmos em médio e longo prazo, o trigo vai viabilizar outras culturas com mais eficiência e menor custo, porque ele quebra o ciclo de doenças dessas culturas. Além disso, com bom manejo, o trigo se tornará altamente competitivo na região, principalmente, em relação ao seu maior concorrente, que é o feijão", explicou Malinski.

Trigo sequeiro também está ganhando espaço Com o desenvolvimento de novas variedades de sementes pela Embrapa, as áreas de trigo sequeiro também começam a ganhar espaço. Esse ano, na área de controle da COOPA-DF, que abrange produtores dos municípios goianos de formosa (GO), Cristalina (GO), São Gabriel (GO), São João d'Aliança (GO), Luziânia (GO) e também do Distrito Federal. Em 2018, foram cultivados cerca de 1500 ha, de trigo sequeiro, e para o próximo ano são esperados cerca de 5 mil ha de área plantada. “Com a colheita finalizada, a previsão de uma boa safra foi confirmada, acima de 2400 kg por hectare, que é um resultado excelente, considerando o baixo grau de tecnologia utilizado e com pouco uso de insumos. Os produtores que tiveram mais cuidados na sanidade da cultura estão tendo bons resultados com uma produtividade acima de 40 sacas por hectare, o que dá uma receita bruta acima de R$ 2 mil/ha, com um custo em torno de R$ 1 mil a R$ 1,2. Isso dá um saldo bom, além dos benefícios que o trigo traz para o sistema como um todo, que são muito grandes, como ressaltado anteriormente”, explicou.

O produtor rural Morelos Thiago Verlange Mesquita, explicou que o trigo safrinha é uma opção muito importante dentro do sistema de produção como um todo. Segundo ele, essa é uma importante cultura para a rotação nas lavouras, é algo novo, onde as doenças não estão adaptadas. “A gente consegue rotacionar princípios ativos de herbicidas, diminuir ervas tolerantes dentro do sistema, além de aproveitar nutrientes por causa do sistema radicular do trigo que chega bem fundo no solo e consegue extrair nutrientes lá de baixo, além da questão econômica, algo para uma época que talvez não se cultivasse nada", concluiu Morelos.

Recorde de produtividade

Em Cristalina (GO), o produtor rural Paulo Bonato atingiu a maior produtividade brasileira de trigo. Com condições de clima favoráveis, boas práticas e novas cultivares desenvolvidas para a região o agricultor registrou na safra de 2017 o recorde de produtividade do País: 139,8 sacos por hectare (sacos/ha), ou 8.388 quilos por hectare (kg/ha) de grãos, enquanto a média nacional é de 46,66 sacos/ha ou 2.800 kg/ha.


Na Fazenda Dom Bosco, Bonato fez o plantio de 101 hectares de sua fazenda com a cultivar da Embrapa BRS 254. Atualmente, 80% das variedades de trigo cultivadas no Cerrado foram desenvolvidas pela Embrapa. A mais utilizada é a BRS 264, plantada atualmente tanto na safrinha (sequeiro), quanto no sistema irrigado. Calcula-se que cerca de 65% das lavouras de trigo da região façam uso dessa cultivar. Já a BRS 254, que proporcionou os resultados na fazenda de Bonato, ocupa um espaço menor na região, mas possui alta qualidade industrial, elevada força de glúten, excelente estabilidade e é voltada para panificação. Outra cultivar da Embrapa utilizada por produtores da região é a BRS 394.


O custo de produção acabou sendo um pouco maior do que a média: ficou em R$ 3,7 mil/ha, sendo que normalmente esse número gira em torno de R$ 2,8 mil/ha a R$ 3,2 mil/ha. “O custo dele é um pouco maior, pois necessita de mais insumos, mais investimento, mais irrigação, usa mais defensivos, utiliza adubos foliares e micronutrientes”, contou o engenheiro- agrônomo responsável pela área de fomento do trigo da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), Claudio Malinski, referindo-se à lavoura de Paulo Bonato.


Sobre o trigo safrinha

O trigo safrinha é semeado na primeira quinzena de março, se usa menos densidade de semeadura, e são cultivares específicas para essa época, mais adaptadas ao calor e resistentes a doenças. Tem qualidade industrial, ciclo mais acelerado em função da temperatura e usa menor quantidade de insumos, principalmente em se tratando de adubação, pois tem um potencial produtivo menor, onde não é necessária uma adubação tão intensa. Outra vantagem é que o trigo safrinha é colhido, principalmente no mês de julho, que é um período muito seco e que permite que tenha uma boa qualidade, não havendo a necessidade de fazer a secagem. “Com isso, tanto a indústria quanto o produtor, têm uma série de benefícios”, ressaltou Malinski.

Concorrentes do trigo safrinha Segundo Malinski, o departamento técnico da COOPA-DF recomenda que até o dia 20 de fevereiro o produtor deve semear milho. A partir disso, o produtor tem duas opções, semear trigo ou sorgo. Ainda em fevereiro, a recomendação é semear sorgo e na primeira quinzena de março semear o trigo safrinha. Ao retardar a semeadura do trigo para o mês de março, é possível evitar a época favorável às doenças, o que é um fator positivo, explicou. “A gente também não recomenda plantar grandes áreas de trigo safrinha, por ser uma cultura que ainda está evoluindo, e nós vamos aprender muito com ela ainda e temos que nos adaptar ao mercado, então, é interessante o produtor também continuar plantando sorgo, que é a principal cultura concorrente do trigo, e ir evoluindo aos poucos, aumentando a área aos poucos, para conhecer melhor a cultura, montar sua infraestrutura de semeadura e se adaptar à nova realidade que está acontecendo”, afirmou.


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